(Foto: AFP) |
Extremistas islâmicos do Boko Haram libertaram 76 meninas
sequestradas, anunciou o governo da Nigéria nesta manhã. O grupo radical
islâmico havia sequestrado 110 meninas de um internato em Dapchi, no nordeste
da Nigéria, no dia 19 de fevereiro. O ministro da informação, Lai Mohammed,
disse que a liberação foi resultado de um esforço conjunto e foi incondicional,
ou seja, sem pagamento de resgate, mas não deu maiores explicações. Ele
informou que as meninas foram libertas às 3h da manhã e que 76 haviam sido
documentadas, mas que uma contagem completa estava em andamento.
Semana passada, o presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari,
disse que o governo havia “escolhido a negociação” ao invés de uma ação militar
para garantir a libertação e a vida das meninas. A presidência também informou
que as meninas estão sob a custódia da agência nacional de inteligência. Elas
foram levadas para o hospital de Dapchi e os pais não têm permissão para
vê-las.
Aisha Alhaji Deri, uma estudante de 16 anos que estava entre
as meninas sequestradas, testemunha: “Eles nos trouxeram de volta esta manhã e
disseram que deveríamos ir direto para casa e não para o exército, se não eles
alegariam que nos resgataram”. Uma testemunha de Dapchi contou que os
extremistas disseram aos moradores que libertaram as meninas por dó e deixaram
um aviso aos pais: “Não coloquem suas filhas na escola de novo”. Boko Haram
significa “a educação ocidental é pecaminosa”.
MENINA CRISTÃ POSSIVELMENTE AINDA ESTÁ SOB PODER DE TERRORISTAS
Aisha contou aos repórteres que elas não foram maltratadas
durante o tempo de cativeiro. Mas acrescentou: “Quando estávamos sendo
transportadas, cinco meninas morreram no caminho”. A morte delas foi confirmada
pelo tio de uma das meninas sequestradas. Usman Mataba disse que conversou com
os membros do Boko Haram que trouxeram as meninas de volta e eles disseram que
trouxeram todas, exceto seis, sendo que cinco morreram no mesmo dia do
sequestro. “Eles disseram que só viram que as meninas estavam mortas quando
chegaram ao destino, então as enterraram”, afirma.
Assim, ainda há ao menos uma menina que não foi libertada.
Seu nome é Leah Sharibu. Mataba disse que os radicais islâmicos disseram que
ela teria que “conquistar sua libertação”. “Eles disseram que Leah se recusou a
cooperar com eles, mas que assim que o fizesse, eles a libertariam. Mas não
explicaram o que isso significava”, afirma o tio. Hafsat Abdullahi – irmã de
Fatima, 16 anos, uma das meninas libertadas – disse que conhece Leah e que ela
não era a única cristã da escola, mas a única cristã que foi sequestrada. “Eu
ouvi dizer que o Boko Haram disse que não vai libertá-la até que ela se
converta ao islã”, afirma Hafsat.
Alguns pais relataram que as meninas foram transportadas em
nove veículos do Boko Haram. Mohammed Mdada, um vigilante da cidade, descreveu
que os radicais islâmicos se desculparam dizendo que pegaram as meninas porque
pensaram que elas eram cristãs, e não muçulmanas, informou o jornal norte
americano The Guardian. “Eles disseram que se soubessem que elas eram
muçulmanas não as teriam sequestrado. Eles usavam turbantes pretos e vestiram
as meninas com hijabs (véu islâmico) na cor creme. Eles também avisaram as
meninas que elas deveriam ficar longe da escola e juraram que se voltassem e
encontrassem qualquer menina na escola iriam sequestrá-las e não devolver nunca
mais”, afirmou o vigilante.
Fontes: The Guardian, Washington Post e AFP
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